domingo, 7 de agosto de 2016

Éramos felizes e não sabíamos

O meu primeiro fato à medida, tinha eu cinco anos, a primeira Montblanc de ouro quando entrei para a primeira classe, a festa de aniversário organizada pelos meus pais aos sete, com cupcakes em forma de cartola e palhinhas em forma de gravata, a festa dos nove anos com a tomada de posse como mood board, o dia em que fui eleito administrador do condomínio para treinar a minha capacidade de gestão que mais tarde seria aplicada ao país, a minha primeira secretária cheia de telefones, e eu a telefonar à minha mãe, rodeado da minha primeira equipa de secretárias, antes da Maria Alice, todas loiras, voluptuosas e de pernas longas e curvilíneas, para dizer: Mamã, sou Ministro! E a emoção da minha mamã do outro lado, uns segundos de silêncio seguidos do ruído de uma janela a abrir e a voz da minha mãe a gritar para o saguão, para todas as vizinhas ouvirem e perceberem como os seus filhos não passavam de uns falhados: o Meu filho é Miniiiiiiiiiistro, a profecia realizou-se! Entrar no meu primeiro carro com motorista e dizer sem pudor, Joaquim António, leve-me a ver as miúdas. Ir ver os jogos do Europeu a convite da Galp, ser assaltado em Ipanema na companhia daquela assessora especial.


13 comentários:

  1. Senhor Ministro, que infância e juventude invejáveis! Eu tenho de me contentar com as memórias de férias em bando, nunca éramos menos de dez, férias que nunca mais acabavam, férias em que o lanche nos chegava à praia à hora certa, sob a forma de pão com tulicreme (eu preferia o de avelã) e capri-sonne de laranja (o leite com nesquik nos copos da tupperware ficava com o sabor esquisito), os gelados de máquina que só tinham três sabores, baunilha, morando ou chocolate, mas que justificavam a caminhada até ao outro lado da praia porque davam quinze a zero, numa altura em que ninguém usava a expressão quinze a zero, aos de "frutóchocolate" do vendedor Olá na areia, tirar a areia dos pés na fonte da praça e mesmo assim disputarmos a mangueira quando chegávamos a casa (pois é, o cheiro a borracha quente, um flagelo geracional, percebo agora), que infelicidade.

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    1. "o leite com nesquik nos copos da tupperware ficava com o sabor esquisito" - finalmente alguém que, presumo, me entenderia, quando tento explicar que o leite morno com chocolate que éramos obrigados a ir em fila beber no intervalo das aulas, na escola primária, cheirava e sabia ao plástico dos copos onde era servido!

      (que eu também tenho memórias, felizes é que nem por isso)

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    2. (Eram copos de plástico grosso e opaco, às cores, não descartáveis.)

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    3. E tinham a palhinha incorporada no próprio copo? Os do meu infantário eram assim, e acho eu são os responsáveis pel minha aversão a louças/talheres de plástico.
      Os da tupperware não tinham palhinha, tinham tampa, mas detestava o sabor do leite nesses copos (apesar das mães acharem super práticos).

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    4. Não tinham palhinha. Eram uma coisa deste género:

      http://www.mgmbrindes.com.br/img/copo%20plastico%20bra%20300ml.jpg

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    5. Os meus copos eram assim. O leite ficava horrível. Só de pensar no cheiro fico agoniada.

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    6. :-))))

      Olha outra! Afinal não estou só!!!!!

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    7. E às vezes tinham nata a boiar! Blarghhhh!

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    8. Que memórias horrorosas, a mim sempre me serviram flutes de champanhe no intervalo das dez...

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    9. Eu bem lhe digo, Senhor Ministro, a infância e juventude do Senhor Ministro foram um oásis no meio do inferno a que a minha geração foi submetida.
      Palmier, também bebias leite do dia, que vinha nuns pacotes de plástico? Esses faziam uma nata horrível.

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    10. Não sei qual era o leite, era na escola, já nos aparecia nos copos...

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  2. Hahahahahahaha Muito bom! Sobretudo (apesar de quentinho, é Inverno), aquela de ser assaltado em Ipanema! Hahahahahahahah É preciso ter sorte!

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  3. Ahahahahahahahahahahahahah. Vocês, os dos blogues, são os maiores, pá!

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