quinta-feira, 7 de abril de 2016

Tudo como o previsto

Por vezes vejo-me obrigado a levar o Aguiar a sair. O Aguiar é um daqueles que jogava comigo ao Monopólio e que, tal como eu previa, não chegou a lado nenhum. É bastante penoso levar o Aguiar onde quer que seja, mas se não for eu a fazê-lo ninguém o faz e por vezes convém-me, como Ministro, fingir que tenho coração e me preocupo com os desfavorecidos. O Aguiar aplica-se muito nestes nossos encontros, afinal não é todos os dias que tem oportunidade de privar com um homem do poder e eu então faço o sacrifício. Levo o Aguiar até um desses sítios onde se dança e enquanto eu me sento lá atrás a beber um gin tónico sem merdas a flutuar, solto-o lá dentro. O Aguiar aproxima-se então de uma de uma morena na pista de dança, todo ele sorrisos, lança os bracinhos para o ar, para mostrar a sua energia, à terceira ou quarta música já faz uns passos mais ousados, uma pirueta até, depois bate palmas a acompanhar o ritmo da música, frenético, e por fim, quando acha que a batalha está ganha, decide-se a meter conversa e sussurra-lhe umas palavras ao ouvido. A morena que nem sequer o tinha visto, olha para ele pela primeira vez, faz uma careta alarmada e afasta-se rapidamente. Tudo como o previsto, portanto.

É uma maçada esta coisa dos mercados a funcionar livremente. Enquanto o Aguiar se esforça sem sucesso, o Ministro não tem que fazer rigorosamente nada. Basta sentar-me lá atrás a beber o meu Gin Tónico.



1 comentário:

  1. :DDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD

    (aqui pode-se?)

    Na mouche, senhor ministro. Todos nós, um dia na vida, nos deparámos com um Aguiar (às vezes só tivemos de nos olhar ao espelho).

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