Ainda
não tinha completado cinco anos e já a avó Isaura me confiava o pequeno
porta-moedas com fecho de prata que me deixava as mãos a cheirar a
verdete. De cabelo aprumado, meias de renda de algodão branco que nasciam como que
por magia das 5 agulhas que a avó manejava com mestria e sapatos
irrepreensivelmente engraxados, saía da Travessa das Isabelinhas, sempre
de passo apressado, fazia a Rua das Madres até ao n.º 4 da Travessa das
Inglesinhas. Ali chegada cumprimentava o senhor Casimiro e o papagaio
Pascoal, que lhe tinha trazido de Angola um compadre que agora vivia na
Graça, e pedia o costumeiro avio, um pão de Mafra e uma garrafa de
leite. Ao sábado também comprava manteiga fresca.
Nunca
nas dezenas, se não centenas, de recados que fiz a pedido da avó Isaura
me enganei ou deixei que enganassem no troco, nem mesmo quando ainda
não sabia ler. Já na altura tinha consciência da importância que tem
saber cumprir ordens com diligência.
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