segunda-feira, 4 de abril de 2016

Um breve vislumbre sobre a infância da Secretária

Ainda não tinha completado cinco anos e já a avó Isaura me confiava o pequeno porta-moedas com fecho de prata que me deixava as mãos a cheirar a verdete. De cabelo aprumado, meias de renda de algodão branco que nasciam como que por magia das 5 agulhas que a avó manejava com mestria e sapatos irrepreensivelmente engraxados, saía da Travessa das Isabelinhas, sempre de passo apressado, fazia a Rua das Madres até ao n.º 4 da Travessa das Inglesinhas. Ali chegada cumprimentava o senhor Casimiro e o papagaio Pascoal, que lhe tinha trazido de Angola um compadre que agora vivia na Graça, e pedia o costumeiro avio, um pão de Mafra e uma garrafa de leite. Ao sábado também comprava manteiga fresca. 

Nunca nas dezenas, se não centenas, de recados que fiz a pedido da avó Isaura me enganei ou deixei que enganassem no troco, nem mesmo quando ainda não sabia ler. Já na altura tinha consciência da importância que tem saber cumprir ordens com diligência.

Sem comentários:

Enviar um comentário